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Sou Bailarina, Professora e Coreógrafa de Danças Árabes, DRT: 23023 Contatos: (41)8515-6226 Email: leareis@live.com

domingo, 3 de abril de 2011


A Deusa Esquecida
Através dos tempos, o patriarcado foi prevalecendo sobre o matriarcado, evoluindo para o sistema patrilinear (a linhagem é dada pelo pai). Há muitos estudos sobre o porquê desta transformação. Uma delas seria a de que, primeiramente, o homem não sabia de sua participação na procriação (época em que a mulher era considerada uma criatura divina), e posteriormente passou a crer que era o único responsável por ela (acreditando que a mulher era apenas um receptáculo para seu fruto). Dessa forma, a mulher passou a ser vigiada e controlada, para que o progenitor pudesse ter certeza de que estaria legando sua herança à própria linhagem. O homem passa a elaborar as regras de acordo com sua crenças e interesses. Aos poucos, com o domínio e subjugo da mulher, seus valores intrínsecos (e consequentemente os da Deusa) também acabaram sucumbindo. Um novo deus é criado, masculino e único, sem espaço para deusas e seus atributos. Os templos do amor deram lugar à casa do Senhor, e a mulher passou a ter importância secundária na vida religiosa. Ela então torna-se Eva, a encarnação da sedução sensual, que nada tem de divino, somente prazer carnal, "aquilo que leva o homem à ruína". Tendo deixado de ser vista como dádiva do divino, a sensualidade da mulher passou a ser rebaixada e explorada - e precisava ser contida, como um mal que se alastra e arruína. O homem então passou a destruir qualquer vestígio da Deusa. Mudanças desta magnitude jamais acontecem sozinhas, e por consequência, outros aspectos da sociedade foram também transformados. A imagem arquetípica da Deusa foi substituída pela instituição da Igreja, que não reconhecia nem os atributos da Deusa nem a natureza sexual da mulher. A sensualidade passou a ser vista como "pecado", uma chave para o inferno, para a danação eterna. A salvação viria somente com a repressão da sensualidade feminina e de seus instintos sexuais, já que era considerada a causa de todo mal. Um paralelo com a teoria junguiana - A teoria junguiana pressupõe dois tipos de inconsciente no homem: o pessoal e o coletivo. O inconsciente pessoal abriga as experiências individuais, que foram reprimidas ou esquecidas, ou por conteúdos que nem chegaram a fazer parte da consciência (experiências subliminares). Já o inconsciente coletivo pertenceria a uma camada mais profunda da psique, comum a toda humanidade, podendo ser comparada ao instinto nos animais. Para Jung, assim como o corpo tem sua configuração anatômica comum a toda a espécie humana (olhos, ouvidos, pulmões, etc), também a mente se apresenta da mesma forma. Dentro do inconsciente coletivo existem estruturas psíquicas (os arquétipos) que seriam formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico, e estão presentes em todas as épocas e em todos os lugares. É um agrupamento definido de caracteres arcaicos, que, em forma e significado, encerra motivos mitológicos, os quais surgem em forma pura nos contos de fadas, nos mitos, nas lendas e nos folclores.
Estas estruturas são carregadas de forte carga emocional quando ativados, liberando uma quantidade tal de energia que é reconhecida pela consciência e sentida no corpo através de emoções. Ilustrando, quando o arquétipo da Deusa é ativado, ele nos preenche com sentimentos de amor, beleza, paixão sexual e renovação espiritual.
Jung coloca que, quando há perda de um arquétipo, sentimos uma desagradável sensação de "insatisfação" coletiva. Com o arquétipo da Deusa reprimido em nossa sociedade patriarcal, a criatividade e o desenvolvimento pessoal são asfixiados.
Foto: 2001